Famoso nas redes sociais, modelo conta que indústria ainda é preconceituosa e exige padrões estéticos praticamente inalcançáveis
Passarelas, ensaios fotográficos, capas de revistas. Muitas vezes, pensa-se que o mundo da moda se limita aos aspectos glamourosos de uma das indústrias mais atrativas da economia global. Contudo, por trás dos cliques e dos desfiles, não são incomuns situações envolvendo episódios de desrespeito, assédio, chantagem e outras formas de subjugar quem almeja se tornar uma estrela fashion.
O modelo Rodrigo Cavallaro, conhecido por trilhar um caminho alternativo ao da moda mainstream, revela que as produtoras, as agências e as empresas que atuam diretamente no segmento precisam reavaliar os métodos de trabalho, pois, por dentro, a indústria não é tão glamourosa como tenta transparecer.
“Ainda há muito preconceito – e de diversos tipos”, frisa o modelo. “Eu, por exemplo, adoro tatuagens e tenho várias espalhadas pelo corpo. Já fui desrespeitado de diversas formas por causa disso”, acrescenta.
Com mais de 700 mil seguidores no Instagram, Cavallaro, atualmente, prefere conduzir a carreira por conta própria, por meio de parcerias com marcas alternativas e divulgação dos cliques nas redes sociais.
Segundo o modelo, a indústria tradicional é capaz de adoecer até a pessoa mais sã deste mundo.
“O setor ainda exige padrões de estética inalcançáveis para uma pessoa saudável. Ou você se adapta ao que pedem, ou você está fora. É muito duro se manter na indústria”, afirma.
Além disso, o modelo destaca que o sistema é ainda mais impiedoso com a mulheres.
“Muitas meninas têm o sonho de se tornar modelos, o que pode ser uma carreira linda. No entanto, exigem tanto delas, dos corpos – até porque o corpo feminino precisa favorecer as peças que vestem –, que muitas não aguentam tanta pressão”, diz.
De acordo com Cavallaro, são exigências irresponsáveis que impulsionam os profissionais da área, principalmente os mais jovens, a adotarem dietas abusivas ou usarem drogas para tentar emagrecer.
“Como são poucas vagas, as empresas também estimulam uma competição feroz entre os modelos. Isso não é nada legal. E, para não perder a oportunidade, alguns recorrem a métodos insalubres”, ressalta.
Por fim, o modelo também diz que parte dos empresários, estilistas e gerentes das empresas do setor pouco se importa com a maneira como as peças são produzidas.
“Já vi alguns até rindo de pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão. É um sistema doentio”, declara o modelo.
